Faz tempo que não vejo e em vida sei que não é mais possível, a não ser folheando velhos álbuns encontrados por acaso numa gaveta, doces recordações com cheiro de guardado...
O homem na cadeira de balanço (primeiro no terraço da granja, depois no quintal de uma casa), com o palito na boca, escondido atrás de grandes óculos, era um homem grande, parecia ter sido forte quando mais jovem, mãos grandes e tão marcadas quanto a face surradas pelo trabalho duro, O rosto era sisudo, na maioria das vezes sério, podia até impor respeito, mas nunca causou medo, naqueles olhos existiam a leveza de um menino, simpatia, acolhimento...
Os muito anos de convivência, embora separados por alguns quilômetros, hoje me parecem muito pouco, queria ter conhecido mais, só que não deu, perdi você antes que eu pudesse ter consciência disso. No dia do telefonema você me ensinou como dói perder alguém, naquela noite pra ser mais exata talvez eu nem imaginasse o tamanho daquilo que tava acontecendo eu sei que doeu...depois foi passando, é esse o curso da vida, podemos nos acostumar com tudo, eu sei.
Não posso descrever muito mais, por que não conheci muito mais e o tempo que sanou a dor...Ah esse foi o mesmo tempo que cruelmente, me roubou muitos traços, me roubou teu cheiro, me roubou algumas cateterísticas, mas o boicote foi em vão, o tempo desistiu de te roubar de mim, eu não ia desistir de você tão fácil...
Eu não sei o quanto te disse isso, eu realmente não me lembro, não sei se foi o suficiente, o importante é que se foram poucas vezes, foram sinceras... Vovô Fausto TE AMO.
Gess Amorim
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